CARTA PARA A COMUNIDADE ESCOLAR
Caro(a)
morador(a)
Venho
informar-te de que o contrato de empréstimo que fizemos há milhões de anos está a terminar, porque há muitas "cláusulas” que não estás a
cumprir. Se quiseres
renová-lo teremos de discutir alguns pontos fundamentais:
1. Tu precisas de poupar energia e de a usar mais
racionalmente. A tua conta está muito alta. Como é
que gastas tanto e ainda para mais usando fontes não renováveis que eu
demoro imenso tempo a repor?
2. Com a água acontece o
mesmo. Como é possível desperdiçares e poluíres tanto a água dos rios, das
ribeiras, dos mares e até as nascentes? Será que julgas que é o único ser vivo
que necessita de água?
3. O “quintal” desta
“casa” é enorme, mas sei que uns comem demais e morrem enfartados, enquanto outros morrem à míngua de alimentos.
Vamos ter de rever esta situação. Não sabes que no
equilíbrio é que está a virtude e que a
solidariedade não pode ser uma palavra vã?
4. Vejo também que não
respeitas as leis da natureza e edificas as tuas obras junto ao mar, das
ribeiras e nas encostas escorregadias. E eu pensava que eras tu o “animal
inteligente”! – Não confundas depois “castigo de Deus” com “estupidez humana”.
5. As árvores demoram muitos anos a crescer e, quando te emprestei a “casa”, havia florestas enormes e lindas. O que é que lhes fizeste?
Não sabes
que elas são
importantes, mesmo em termos de clima e de equilíbrio
hidrológico? Toca a replantar se não queres ficar, com modificações climáticas e alterações na biosfera, que impossibilitarão
a tua sobrevivência
e a dos futuros inquilinos!
6. Não encontrei todos os
peixes que viviam nos mares, lagos e rios. Será possível que os tenhas
exterminado, sem dares tempo para eles se reproduzirem?
7. Todos os seres vivos fazem parte do contrato, por isso devem
ser preservados. Porém, andei à procura de alguns que havia e já
não os encontrei. O que é
que tu andas a fazer? Ainda não se apercebeste de que
precisas deles e que eles também são meus inquilinos?
8. E quanto aos direitos dos animais? Que vergonha o
que tens feito com eles! Há tantos anos que existes, e ainda não aprendeste a
tratá-los bem, a respeitar as suas vidas e a deixar de lhes provocar
sofrimentos desnecessários? Onde está a tua comoção e civilidade humanas?
9. Não sei o que se passa com o céu. O azul desapareceu com os fumos que lanças, a camada de ozono foi rompida e
passam-se muitas coisas estranhas na atmosfera. É
necessário
resolver este problema, com urgência!
10. Cada vez que dou uma volta pela “casa” encontro
muito lixo espalhado por todo o lado (ribeiras, mar, praias, beira de estradas,
etc.). É preciso resolver este problema começando a limpar e a produzir menos,
se não queres que o lixo seja a tua própria imagem e ficares soterrado nele!
Bem, é
altura de pensares seriamente,
sobre estas questões.
Preciso de saber se tu,
ainda, queres morar nesta “casa”.
Em caso afirmativo, é
preciso que comeces a amar
e a respeitar a casa que te empresto e limpá-la
da sujidade que lhe fizeste, sob pena
de te ter de pôr
na “rua”, porque com o
teu comportamento, não
só estás maltratar
e a colocar em perigo os outros inquilinos, como a sobrevivência das próximas gerações de humanos.
Deixa de ser egoísta e irresponsável!
Ou achas que destruindo as condições de habitabilidade desta “casa”,
os teus filhos e netos poderão
mudar-se para
outra? Essa outra “casa” não existe! Eu gostaria de te ter sempre como
inquilino, mas não
consigo aguentar por
muito mais tempo, esta forma de ser tratada. Estou a ficar gasta e muito
doente, e se não
mudares a
tua atitude para comigo, e para com os outros seres vivos não te poderei suportar mais, nem garantir futuramente morada e
sustento para teus herdeiros.
Neste Dia
Mundial da Terra,
exijo respostas concretas e comportamentos ambientalmente acertados, daqui em diante.